Link para inscrição: https://suap.ifsp.edu.br/eventos/inscricao_publica/13288/
É com grande honra e felicidade que o FeminIF anuncia um momento especial — tecido entre vivências, memórias e possibilidades. A vida feminina, desde sempre, pulsa nas entrelinhas: é bordada em um cuidado incessante — do "senta igual mocinha, fale baixo e se comporte" à palavra não ouvida, à rotina pré-determinada por uma sociedade que, desde o nascimento, impõe à mulher um papel. Estende-se aos fardos não escolhidos, mas lançados sobre nossos ombros com a culpa inexistente de, simplesmente, termos nascido mulheres. Toda mulher carrega um silêncio ensurdecedor no peito: o de um grito que o mundo tantas vezes se recusa a escutar. Ainda assim, existe uma beleza que insiste em florescer mesmo em terreno árido — e é aí que habita a arte. Porque onde há vida feminina, há criação. E onde há criação, há resistência. Não se fala em arte sem resistência; não existe resistência sem arte. Como bem afirma bell hooks, “a arte é um espaço onde a imaginação radical pode florescer. E, nesse florescer, podemos encontrar resistência.”
Num campus majoritariamente masculino, a resistência feminina é uma verdade inegável: permanecer, manter-se firme, impor a própria voz e enfrentar, ainda que de forma sutil ou muitas vezes imperceptível, é resistir. Sentimos essa resistência em cada passo, em cada palavra dita com esforço e voz trêmula; a cada vez que, mesmo com medo, engolimos em seco e sustentamos quem somos.
A verdade é que o espaço acadêmico é difícil — mas a vida fora dele pode ser ainda mais assustadora. Por isso, o FeminIF existe: feito de garra, suor, lágrimas e disposição para defender. Resistimos, sim — mas queremos mais: queremos existir plenamente. E, por isso, pensamos no fortalecimento.
Contudo, força sem conhecimento é apenas bravura cega. Desejamos formar meninas e mulheres que, antes de tudo, se conheçam e se reconheçam como parte integrante da sociedade. Mas, como se enxergar dentro de um sistema sem olhar para trás e compreender o que nos trouxe até aqui? Como falar de reconhecimento e representatividade sem antes falar da vida — e da arte que ecoa essa vida?
Dito isso, apresentamos com muito orgulho um evento especial: uma roda de conversa artística em formato mosaico, com apresentações singulares, nas quais cada artista terá seu lugar de fala para abordar temas femininos que atravessam a arte e se transformam em realidade. Temas que nos servem de espelho, dor, angústia, mas que também mostram o caminho de uma liberdade possível — mesmo que, às vezes, ainda ilusória, quase aprisionada por algemas psíquicas.
Pautamos o revés e as graças do feminino por meio de diferentes expressões artísticas — literárias, musicais, performativas e visuais. E, para isso, firmamos uma parceria com a Oficina de Criação Literária e Autopublicação, que reúne artistas de diferentes olhares e experiências, incluindo abordagens do feminino em todas as suas nuances.
Com grande alegria, convidamos os artistas: André Plez – Doutor em Educação, Mestre em Linguística, professor de Literatura do IFSP-SBV; Silvia Ferrante – multiartista: cantora, compositora, poeta, fotógrafa, dramaturga, atriz, produtora cultural e artesã; Júlio Melo – professor, pesquisador e artista multidisciplinar, docente de Artes no IFSP e Doutor em Música pela UNICAMP.
Será um evento tocante, transformador e necessário — um espaço de provocação e, ao mesmo tempo, de libertação. Acreditamos que a educação, mediada pela arte, desperta a sensibilidade e o pensamento crítico, preparando uma sociedade mais humana, empática e consciente. Tendo em vista o mencionado, o evento é aberto não apenas à comunidade interna do IFSP, mas também ao público externo: a todas e todos que desejam aprender, crescer e se permitir sentir. Sintam-se instigados. Inscrevam-se e permitam-se ser tocados pela potência do feminino desde que o mundo é mundo.
“A educação pela arte não é para formar artistas, mas para formar pessoas mais sensíveis, críticas e criativas.”
— Ana Mae Barbosa
Texto: Ana Julia Casagrande Madureira (bolsista Coletivo FeminIF)
Revisão: Ascom IFSP - Campus São João da Boa Vista
Publicado em 09/06/2025

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