Projeto In Memoriam - Professor Alexandre Simião Caporali
Natural de São Caetano, SP, Alexandre Simião Caporali nasceu em 07/05/1972. Filho de Antonio Caporali e de Ermelinda de Campos Simião Caporali, teve duas irmãs: Andreia e Adriana. Com sete anos, iniciou os estudos em 1979, na Escola Estadual Jocelyn Pontes Gestal, onde permaneceu da primeira a oitava série. No ensino médio, passou por três escolas: Colégio Singular Anglo, em Santo André, em 1987; Escola Estadual Mário Casassanta, na Vila Alpina, São Paulo, em 1988; e Escola Estadual Padre Aristides Greve, de Santo André, em 1989.
São João da Boa Vista e o curso superior
Em 1990 mudou-se com a família para São João da Boa Vista, onde frequentou o curso pré-vestibular de agosto a dezembro. No primeiro semestre de 1991 fez vestibular para a Faculdade de Tecnologia de São Paulo e ingressou no curso superior de Tecnologia em Mecânica de Precisão. Escolheu o curso de Tecnologia em Mecânica de Precisão, na área de de Ciências Exatas, porque sempre gostou de matemática e física voltadas aos fenômenos mecânicos.
Durante o curso, dedicou-se integralmente à faculdade e identificou-se com quatro grandes áreas: eletrônica; robótica; óptica; e projeto de máquinas, além das disciplinas de cálculo, física e sistemas hidráulicos e pneumáticos. Entre os anos de 1992 e 1993, foi estagiário do Laboratório de Interferometria e, ao final do primeiro semestre de 1994, formou-se e colou grau.
Mestrado em Engenharia Mecânica
Em 1995, passou no processo seletivo para o Mestrado em Engenharia Mecânica e, em fevereiro, mudou-se para São Carlos cidade em que morou em uma república. Recebeu bolsa de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior entre os primeiros semestres de 1995 e 1997. Ao término da última bolsa, teve que adiar a conclusão e voltar para São Paulo, onde dedicou-se a dar aulas particulares para sobreviver.
Em fevereiro de 1999 apresentou o trabalho intitulado: Simulação e Análise de Servomecanismo Eletro-Hidráulico. Foi uma grande vitória pessoal devido às dificuldades impostas por estudar em uma universidade de ponta, à juventude, à falta de maturidade e a condição financeira.
A busca do Doutorado
Decidiu, então, prosseguir os estudos para o Doutorado por três motivos: descobriu a paixão por lecionar nas aulas particulares e, como professor no curso técnico em mecânica, no Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo CEFET – SP, em 1998. Além isso, contou a paixão pela pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo. Tanto, que ao final do mestrado, seu orientador o convidou para continuar na pós-graduação.
No início do primeiro semestre de 1999 começou o doutorado, no mesmo Departamento em que tinha iniciado o mestrado, alocado, desta vez, no Laboratório de Aeroelasticidade, Dinâmica de Voo e Controle – LADinC. Participou do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino da Universidade de São Paulo no segundo semestre de 2000. No dia 5 de dezembro de 2003 defendeu sua tese, intitulada: “Estratégias de Controle Não-Convencional para uma Plataforma de Stewart Acionada Hidraulicamente”.
A docência
A vocação para o magistério nasceu do seu prazer em aprender e em ensinar, e se aprofundou com a experiência como aluno de pós-graduação. Debutou como professor, regularmente remunerado, em junho de 1998, no curso técnico em mecânica no CEFET-SP, sendo contratado como docente substituto para um período de seis meses.
Entre agosto e dezembro de 2003, teve uma breve passagem pela Faculdade de Tecnologia da Zona Leste – FATEC – ZL, São Paulo.
Em abril de 2004 fez o concurso público para o cargo de professor na Universidade Decentralizada de Cubatão obtendo a segunda colocação no resultado final. Tomou posse em 23 de julho de 2004. Em outubro de 2006 foi transferido para a Unidade Sede, na cidade de São Paulo, para a área de Automação Industrial.
IFSP - Campus São João da Boa Vista
No ano 2022 ingressou no Instituto Federal de São Paulo – Campus São João da Boa Vista. Ao longo da sua trajetória exerceu várias funções e atividades no ensino; orientação; pesquisa; extensão; cargos administrativos; participação em bancas; organização de eventos e avaliação. Sempre esteve comprometido com a ação de ensino-aprendizagem. Teve como desafio, em suas atividades de ensino, formar cidadãos críticos, fortalecendo os três pilares que devem sustentar o ensino superior: ensino-pesquisa-extensão.
Realizou um trabalho significativo dentro e fora da academia, principalmente no Centro de Educação Tecnológica de São Paulo e no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Sempre quis ser fonte de inspiração, assim como muitos docentes foram para ele.
A vida fora da escola
Alexandre Caporali era um verdadeiro admirador da vida ao ar livre e da natureza! Amava viajar, seja para o campo ou para o litoral, sempre em busca de novas paisagens e experiências. Apaixonado por esportes, gostava de correr, nadar, pedalar, surfar e era também um excelente mergulhador.
Andar de moto também era um hobbie e cuidava da máquina com dedicação e carinho. Sempre muito prudente, gostava de pilotar para apreciar novas paisagens e sentir o vento no rosto, transformando cada passeio em um momento de liberdade e contemplação.
A música também fazia parte de sua vida: apreciava um bom rock e, vez ou outra, arriscava alguns acordes na guitarra. Mas, se havia algo que realmente o encantava, era a boa gastronomia. Alexandre era mestre no preparo de um delicioso churrasco e não perdia a oportunidade de experimentar novos sabores e comidas típicas por onde passava.
Já o professor Alexandre, ou Prô Capô, como era chamado carinhosamente por muitos de seus alunos, sempre foi muito dedicado e competente em sua profissão. Planejava suas aulas com cuidado e antecedência, mesmo que para isso precisasse abrir mão de parte de seu fim de semana. Falava de seus alunos sempre com respeito e preocupação genuína pelo desenvolvimento de cada um. Além disso, envolvia-se de forma empolgada e calorosa nos projetos que desenvolvia com suas turmas, deixando sua marca de entusiasmo e compromisso na escola e na vida de quem conviveu com ele.
Apesar do pouco tempo em que atuou no Campus de São João da Boa Vista, declarava com frequência um carinho muito especial pelas turmas que acompanhou, reforçando o vínculo e a dedicação que sempre teve como educador.

Depoimentos dos amigos e familiares
O que falar do Alexandre?
Primeiramente, preciso dizer que somos primos, e que nascemos com somente nove meses de diferença. Dado isso, ele foi meu primeiro e melhor amigo. Fomos amigos, parceiros e confidentes a vida toda. Companheiro de brincadeiras de infância, de aventuras na adolescência, de viagens, passeios, estudos, baladas, travessuras, conversas tanto banais quanto intelectuais. Fazíamos planos para o futuro e sonhávamos juntos sobre como seríamos quando fôssemos adultos e profissionais.
Os anos se passaram... viramos adultos e nossos caminhos se espaçaram justamente devido aos compromissos da vida adulta. Ele, estudando em São Paulo, Cubatão, São Carlos, Toronto... morando nessas cidades todas mais em nossas queridas São João da Boa Vista e Peruíbe. Eu, casando, trabalhando e cuidando das famílias. Enfim, nossas rotinas e responsabilidades possibilitavam cada vez menos contato, mas, ainda assim, nosso amor fraterno e nossa ligação permanecia forte, e ainda nos víamos nas festas de família, em alguns eventos e férias.
Alexandre foi apaixonado pela vida, por viagens, por cultura (principalmente cinema e música), pela Ciência e por esportes. Tinha posições éticas, morais e ideológicas inegociáveis. Era severo quanto à regras e ao rigor científico, e tolerante com coisas mundanas. Profissionalmente, era muito dedicado ao nobre ofício de ensinar. Era um explorador nato, tanto na ciência quanto na vida. Gostava até de viajar sozinho para curiar o mundo sem amarras. Foi uma pessoa essencialmente do bem. Quando adoeceu, fez questão de combater à risca a doença, submetendo-se a todo tipo de exame e tratamento que pudesse reverter o quadro. Confiava na Ciência, pois era um homem da Ciência. Praticou seus esportes até quando seu corpo permitiu. Quando se foi, foi em paz, consciente da finitude da vida. Inclusiv
e, disse isso a mim em nosso último papo: “Não há mais nada a se fazer. Fique em paz, pois estou indo em paz também”. Agora ele está desbravando o Universo afora. Com todo nosso amor e saudade que enviamos daqui.
(Pedro Pereira Filho, seu primo e amigo “Pedrinho")
(Márcia Resendes - namorada)
Vídeo Homenagem de Teodoro Dumbrovsky (primo)Vídeo Homenagem de Teodoro Dumbrovsky (primo)
“Ensinar é um exercício de imortalidade.
De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra.
O professor, assim, não morre jamais.”
(Rubem Alves)
Alguns momentos de Alexandre...

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