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Estudantes do IFSP – São João da Boa Vista tiram 980 na redação do ENEM e são aprovados na USP

  • Publicado: Segunda, 20 de Janeiro de 2025, 07h44
  • Última atualização em Segunda, 20 de Janeiro de 2025, 07h59
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Apenas 12 alunos dos quase 3,2 milhões de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 tiraram nota máxima na redação (1000 pontos). O Exame é a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil e permite que os estudantes concorram a vagas em universidades públicas e privadas.  Em 2024, o tema foi: "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. A nota da redação tem um peso importante na pontuação final e é usada como critério de desempate em diversos programas de acesso às universidades. No IFSP  – Campus São João da Boa Vista, dois alunos de cursos técnicos conquistaram 980 pontos, sendo que um dos avaliadores chegou a dar a nota 1000. “Uma grande atuação”, segundo o professor Andre Plez, responsável pelas aulas de redação do IF sanjoanense. Mais de 20 estudantes do último ano do técnico integrado em  informática e de eletrônica  também foram bem, com notas variando de 880 a 940. A média geral no Brasil foi de 660.

WhatsApp Image 2025 01 16 at 12.06.31Hellen Indrigo Perez, do curso técnico em eletrônica, e aprovada no curso de Jornalismo  da USP com a nota do Enem, obteve os quase mil pontos. “É uma sensação inacreditável saber que consegui chegar tão longe. E, talvez, esse seja o ponto mais alto do IFSP. Sinto que a minha experiência ao longo desses 4 anos me transformou em uma pessoa mais resiliente, capaz de enfrentar desafios, até mesmo quando não me sinto preparada para eles. Uma das minhas citações na redação foi sobre uma exposição do Museu da Língua Portuguesa, sobre línguas e cultura africana, possível graças a uma visitação lá em uma  excursão com o instituto. Se não fosse estudante daqui,  talvez eu tivesse ficado sem citação. Sou grata ao professor André Plez, que se doou imensamente ao ensino das técnicas de redação durante o ano, e foi um dos maiores responsáveis pelo bom desempenho de seus alunos – incluindo o meu”, destacou.

Isaac Vidal Diogo, do técnico em informática é outro discente que conquistou os 980 pontos. Ele também foi aprovado na USP, mas para o curso de Letras. “Ainda na escola estadual, meu coração escolheu o Instituto Federal por sua excelência em ensino. Desde o momento em que ingressei, compreendi o privilégio que era fazer parte dessa instituição e o quanto eu deveria ser grato e comprometido”. 

Apesar do esforço e dos estudos, Isaac disse ter ficado apreensivo durante o Exame Nacional. “Quando me deparei com o tema da redação do ENEM, confesso que senti medo. Ao sair da prova e ouvir tantas pessoas descrevendo-o como "simples", fiquei inseguro. No entanto, fiz o meu melhor. A questão racial no Brasil sempre me impactou, dada a profunda injustiça histórica do país. Assim, recorri a obras de arte que retratam a escravidão para discutir como essa herança compromete a valorização da cultura africana no Brasil. Não posso deixar de enaltecer o professor André Plez, cuja didática excepcional e apoio constante foram fundamentais para minha jornada. Sou imensamente grato por todas as vezes em que ele acreditou em mim. Se hoje celebro minha aprovação na USP, vindo integralmente da escola pública e sem cursinho, é porque essa instituição me ensinou que o conhecimento abre caminhos — e eu absorvi tudo o que pude. A educação redime, cultiva esperança e liberta”, destacou. WhatsApp Image 2025 01 18 at 11.38.15

Metodologia inovadora

André Plez é professor de Língua Portuguesa do IFSP – Campus São João há oito anos. Desde então, desenvolve um trabalho cuidadoso com os alunos dos anos finais dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, voltado ao desenvolvimento da redação padrão Enem.  Segundo ele, “a redação do exame deve ser escrita no gênero dissertativo-argumentativo, porém, possui algo diferente das demais  deste mesmo gênero: deve apresentar uma proposta de intervenção para o problema apresentado. Com isso, temos um padrão a seguir, definido por uma sequência lógica que permite ao aluno a construção de um texto nota 1.000”, explica.

As técnicas adotadas pelo docente

Logo na primeira aula, são apresentadas as cinco competências da redação, que são a matriz de referência que padroniza o processo de avaliação e pontuação dos textos. Cada competência avalia um aspecto. Dessa forma, os estudantes passam a compreender o que o corretor busca no decorrer do que ele escreveu.  “Além disso, elaborei uma apostila  que chamamos de Planner de Redação, que possui um passo a passo com dicas, orientações, repertórios coringas, além de uma série de ferramentas que ajudam  na compreensão do padrão Enem”, conta.

André detalha que as aulas priorizam cada aspecto das competências, começando pela compreensão do gênero textual em sua estrutura básica: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. A partir disso, estudam-se, de forma criteriosa, os elementos que formam a Introdução, como, por exemplo, o repertório de entrada (que poder ser uma alusão histórica, repertório cultural, entre outros). A seguir, faz-se uma análise de possíveis teses, para complementar a introdução e dar prosseguimento ao desenvolvimento, apresentando os repertórios coringas, com foco na argumentação baseada em causa e consequência, além dos exemplos e comprovações. Por fim, a conclusão pede uma sequência objetiva que resolva os problemas apontados durante todo o desenvolvimento, garantindo o respeito aos direitos humanos.

“Como forma de preparar os jovens para escrever sobre qualquer coisa, adotei uma metodologia diferente: analisamos formas de construção argumentativa a partir de oito eixos temáticos, que englobam todos os possíveis temas. Por exemplo: analisamos (com escrita, debate e correção), o Eixo Cultura, que caiu no Enem de 2024. Tal assertiva facilita o processo de escrita, pois o aluno já pensou previamente esse possível eixo de forma ampla, podendo selecionar as teses, os repertórios, os argumentos e as propostas de solução que melhor se adequem”, esclarece.

WhatsApp Image 2025 01 17 at 10.59.50André defende que, dessa forma, os discentes percebem que “a redação é um todo que dialoga”, ou seja, há uma sequência lógica que permite pontuar nas cinco competências, garantindo a eficácia da escrita, “o que foi comprovado com o show de notas 900+  do Instituto Federal  de São Paulo - Campus São João da Boa Vista”.

Saiba mais sobre Enem (Fonte: www.gov.br/inep)

O Exame Nacional do Ensino Médio foi instituído em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Em 2009,  aperfeiçoou sua metodologia e passou a ser utilizado como mecanismo de acesso à educação superior.

As notas do Enem podem ser usadas para acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Elas também são aceitas em instituições de educação superior portuguesas que têm acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Além disso, os participantes do Enem podem pleitear financiamento estudantil em programas do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Qualquer pessoa que já concluiu o ensino médio ou está concluindo a etapa pode fazer o Enem para acesso à educação superior. Os participantes que ainda não concluíram o ensino médio podem participar como “treineiros” e seus resultados no exame servem somente para autoavaliação de conhecimentos.

Os participantes fazem provas de quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, que ao todo somam 180 questões objetivas. Os participantes também são avaliados por meio de uma redação.

As médias gerais foram 529 para matemática e suas tecnologias; 528 para linguagens, códigos e suas tecnologias; 517 para ciências humanas e suas tecnologias; e 495 para ciências da natureza e suas tecnologias. Para redação, a média geral foi 660.

 

Ascom IFSP - Campus São João da Boa Vista
Publicado em 20/01/2025
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